Ecoterrorismo

Há poucos dias atrás Portugal entrou num roteiro de países que não têm nada de se orgulhar de pertencer a esse mesmo roteiro. É verdade que o termo de Ecoterrorismo pode ser contestado e certamente que o foi por parte de alguns. Na minha modesta opinião, o título está bem atribuído. Por terrorismo, entendo a acção planeada com vista à destruição, feita com base em pressupostos religiosos, económicos ou políticos, e creio que não hajam dúvidas de que foi isso que aconteceu em Silves.
Sempre fui defensor da lei e da ordem e acredito sinceramente que um dos pilares que sustenta a nossa civilização Europeia, Ocidental e Democrática é o facto de existerem inúmeras formas de contestação a decisões e medidas em relação às quais somos adversos.
Quando um bando de energúmenos e de merdinhas mal comportadas recorre à destruição de propriedade privada alheia, não me interessam as razões que os levaram a fazê-lo, interessa-me o facto de eu poder ser o próximo se outro qualquer grupo de aborígenes entender que não gosta do facto de eu fumar, da roupa que visto ou da côr do meu carro. Em situações destas, há uma linha traçada na areia e de um lado estão as pessoas que entendem como uma democracia funciona e do outro lado estão os pós revolucionários que em nome dos novos amanhãs que cantam acreditam tudo ser possível para impôr a sua visão iluminada de um admirável mundo novo.
Discutir o número de agentes da GNR presentes ou a postura por eles assumida é como olhar para o acessório e não entender o essencial. Pôr em causa o governo numa situação como a ocorrida é jogar o jogo do populismo bacoco e retrógrado que tanto pasto tem tido neste país.
Em Silves houve uma batalha. Foi uma batalha entre a civilização e a barbárie, entre a ordem e o caos, entre a lei e a selvajaria. Não me interessa sinceramente a história dos transgénicos, não me interessaria nada do que se passasse naquela horta, o que me interessa é o facto de eu viver numa sociedade que é, ou pretende ser, justa, democrática e civilizada, e numa civilização dessas existem forças policiais que, em nome da lei e da constituição aplicam as regras estabelecidas. Não me interessa o que se planta naquela horta, o que me interessa é que, se alguma ilegalidade for cometida, as forças policiais, em nome do poder judicial ao qual respondem serão chamadas a intervir. O que me interessa é que desde o momento em que a porta do poder popular e da selvajaria das massas for aberta, jamais será fechada. Ontem foi por causa dos transgénicos amanhã será por que causa ?
Quem nos poderá tranquilizar quanto ao próximo alvo de uma brigada fascizoide de vigilantes que não gostam de algo que façamos e que esteja disponível a agir em nome próprio, ou mais grave ainda, em nome de um qualquer pressuposto ideológico para o qual se acham representantes terrenos de um dogma superior.
Acções destas só podem ser combatidas levando os responsáveis a prestar contas perante a lei que não tiveram pejo em escarrar publicamente. Temos que o fazer, como povo e como sociedade, porque a alternativa, embora simpática pontualmente para alguns, será trágica futuramente para todos.

1 comentários:

tanta confiança no sistema...

26/9/07 11:20  

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