BattleStar Galactica


É um assunto sagrado para todos os da minha geração. Quem não esperou dias a fio para ver o novo episódio dessa fantástica série de ficção científica ? Quem não delirou com as aventuras do Apollo e do Starbuck dentro dos seus Vipers a combater o maléfico império dos Cylons liderado pelo traidor Baltar ?
Aquilo é que eram bons tempos. Saíamos de casa e todas as latas e garrafas serviam de naves inimigas onde treinava-mos a pontaria, sim porque nós eramos os vipers que lutavam pela salvação da humanidade. Naquele tempo, tudo era simples, tudo se resumia a uma luta sagrada entre o bem e o mal. Nunca nos passou nas nossas cabecinhas de crianças que pessoas "boas" pudessem cometer maldades nem que os robots maléficos fossem capazes de actos de bondade ou misericórdia. Foi uma série que cativou o imaginário de milhões de pessoas das mais diferentes idades feita à medida do seu tempo, um tempo onde o mundo ainda se dividia em dois blocos antagónicos e onde, mesmo nas democracias, não se questionava sequer a hipótese de o "outro lado" poder ter uma parte de razão.
Serve toda esta despistagem inicial como introdução ao facto de me ter cruzado com a nova Galactica. Não com a nave numa das minhas viagens quando ando com a cabeça na Lua, mas com a série que foi feita em 2003 e tem passado num canal americano cujo nome não me lembro.
A nova Galactica está muito diferente da inicial. Os efeitos especiais estão melhores, como seria de esperar, mas há mudanças muito significativas que provocaram a ira de muitos adeptos da série inicial e até mesmo petições para que a nova não fosse para o ar. Esta série está muito mais "adulta" e é feita para um mundo que já não está dividido entre o bem e o mal. As personagens humanas são mesmo Humanas. Com todos os defeitos e falhas que podemos encontrar em qualquer um de nós, e quanto aos Cylons, esses podem ter uma forma humana e até se apaixonam.
Esta nova Galactica introduz aspectos políticos que estavam ausentes da série original. Há um poder civil, ao qual a autoridade militar do Comandante Adama está sujeita, e não são poucas as vezes em que há conflito devido aos poderes que Adama quer ter e a Presidente não quer deixar, talvez um aviso aos que, em democracia, usam situações excepcionais para tentar ir sempre mais longe no controle dos seus povos.
Nesta nova série, há também uma espécie de guerra religiosa entre os Cylons que surpreendemente são monoteístas e os humanos que têm uma religião parecida com o Paganismo Greco-Romano, e ainda encontramos no meio tiradas Freudianas como quando os Cylons explicam que querem destruir a Humanidade porque são filhos do Homem e só com o desaparecimento dos pais, os filhos se podem afirmar.
A nova Galactica é incrivelmente mais complexa e mais adulta que a primeira mas não é menos fantástica.
Aconselho vivamente todos a vê-la. Na Tv Cabo, ou um dia que os canais generalistas se lembrarem que há vida para além dos morangos com açúcar e outras floribelas que tais.
Quer queiram recordar para sempre a Galactica infantil, quer prefiram a versão adulta do século XXI, pelo menos espreitem. Vai valer a pena.

http://www.battlestargalactica.com

3 comentários:

Como te compreendo...
Às vezes consigo sair do sistema solar...
A Lua já é conselheira nocturna diariamente.

7/8/06 10:18  

Que saudades desse tempo em que os minutos de espera para ver Galáctica pareciam uma eternidade.

7/8/06 10:58  

Quem se indignou pelo facto de o Starbuck afinal ser uma não deve ter visto 5 min da série, tempo aproximado que demora a perceber que estamos na presença de uma série superior. O tempo da inocência, em que o MacGyver o Michael Knight e os Soldados da Fortuna faziam dezenas de epísódios sem que ninguém se aleijasse, esse já lá vai. Esta série de ficção científica aborda temas mais sérios e próximos de nós que muita série actual, e raios se não é viciante...

8/8/06 14:57  

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