Publicou-se esta sexta feira o último número do jornal "O Independente". Na minha modesta opinião, apesar de alguma inovação que o jornal trouxe, nomeadamente no jornalismo de investigação que tanta falta faz em Portugal, a realidade é que este desaparecimento não me deixa grandes saudades.
Considero " O Independente " principalmente como um projecto político e não jornalístico. Pode não ter sido criado com esse fim mas desde o consulado de Paulo Portas que se tornou claro para quê que o jornal servia. Serviu como consciência crítica de uma direita que não se conformava com a ausência de ideologia dos governos cavaquistas. Não conseguindo puxar a prática política de Cavaco para a sua área ideológica, Portas usou o jornal para forçar a queda de Cavaco e abrir espaço ao aparecimento de um partido político que representasse a direita e que se afirmasse nos escombros do cavaquismo.
Todos nos recordamos do pavor governamental nos anos de 94 e 95 quando a sexta feira chegava e todos se questionavam " Será que desta vez sou eu o apanhado ? ". Essa foi a imagem de marca do jornal, além de um desprezo militante pela esquerda.
Com a queda de Cavaco e a saída de Portas para o PP, " O Independente " perdeu a razão da sua existência. Sem o inimigo fidagal que o alimentou, foi difícil manter a agenda e sem o seu líder que finalmente assumiu o seu verdadeiro projecto, o declínio foi acentuado. Foram 11 anos a tentar adiar o inadiável e ao contrário de muitos, sinceramente não acho que " O Independente " tenha morrido agora. Agora vai é a enterrar um cadáver com 11 anos.
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