Desde que o Presidente da República marcou a data do novo referendo que começou a contagem de espingardas em ambos os lados da barricada. Até aqui, nada de novo nem de extraordinário, mas a campanha que se avizinha não me parece que traga algo de bom ou de construtivo ao debate.
Mais uma vez, a campanha contra a Interrupção Voluntária da Gravidez terá como ponta de lança a Igreja e os sinais já dados fazem prever mais um vendaval de demagogia infantil e de irresponsabilidade argumentativa.
Já circulam mails enviados em massa com o discurso retardado de sempre, e aposto que não faltará muito para as indiscritiveis fotos de abortos realizados. Para ajudar à festa, até já esse aspirante a Torquemada que se senta no trono papal comparou o aborto ao terrorismo para gáudio de muitos.
Sejamos honestos, considero o aborto como um drama pessoal e como uma decisão de uma dificuldade e complexidade que talvez não tenha parelelo na vida de uma mulher que por ele opte. Considero a maternidade como uma relação afectiva que se desenvolve entre a futura mãe e o futuro ser que nela se desenvolve. Considero que o não desenvolvimento dessa relação é dramático e por muito que ache a interrupção da gravidez como antinatural, não me sinto na capacidade, na moralidade ou no direito de decidir se uma mulher deve ou não gerar uma vida que não sente como parte de si.
Sou contrário ao aborto, mas sou ainda mais contrário a uma lei que obriga as mulheres a serem meros instrumentos reprodutivos. Sou contra o aborto mas sou ainda mais contra a criminalização de mulheres que decidem que ninguém as deve obrigar a ser mães. Sou contra o aborto, mas existindo ele, como sempre existiu, prefiro que seja feito em hospitais públicos com segurança, do que em vãos de escada sem apoio, segurança ou condições de higiene.
Gostava de assistir a um debate sério mas não me parece que vá ter essa sorte. Gostava de ver debatida a educação sexual nas escolas, o acesso a consultas de planeamento familiar, as condições psicológicas das mulheres que optam por abortar e as feridas que tal decisão deixa, a capacidade do nosso sistema de saúde responder a uma possível discriminalização do aborto, mas nada disso acontecerá.
Lamento pelo facto mas desta vez, ao contrário de há 9 anos, não só votarei como participarei na campanha. Não será por mim que o " campo de batalha " ficará ocupado só pelos inquisidores mor da santa madre igreja e tenho esperança que mais uma vez haja um passo em frente no sentido de pararmos com a criminalização daquelas que têm a coragem de tomar a sua vida nas suas mãos e que possamos derrotar e varrer para o caixote do lixo da história este fascismo moral que continua a vigorar em Portugal.
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ola.. sou estudant e por isso tou a fazer um trabalho sobre o aborto... jah li mts blogs sobre o aborto e este sem duvida e um dos melhores blogs que ja li por isso dou os meus parabens.. por um lado apoiu a sua openiao..
Anónimo disse...
6/1/07 18:07
Olá!
100% verdade.
Lili
Braga
Anónimo disse...
9/2/07 10:53