Duas linhas cruzaram-se. Uma delas seguia o seu caminho. Não era um caminho muito bem definido, diga-se. Seguia apenas em frente, umas vezes convicta do rumo, outras apenas seguindo porque estar parada era impensável. A outra andava por aí, errática sem saber muito bem qual o seu caminho. Foi mais um choque do que um cruzamento. Foi rápido, intenso e depois, da mesma forma que apareceu perpendicularmente vinda do fundo do nada, a segunda linha para o fundo de tudo perpendicularmente partiu.
Durante algum tempo foram caminhando juntas de forma não muito bem definida. Uma queria que trilhassem um caminho em comum, sem que nenhuma delas perdesse a sua individualidade, a outra preferia continuar a cruzar-se perpendicularmente com a primeira, quem sabe infinitamente.
Ao fim de algum tempo, voltaram a separar-se. A primeira linha acabou por se tornar numa estrada. Serpenteou por montes e vales, cruzou rios, campos e searas. Não se sabe bem onde chegou, se é que chegou a algum lado, mas envolveu-se no mundo e fez parte dele. A segunda linha, essa, continuou a andar por aí. Um dia arranjou emprego como bola de flipper e passou o resto da vida numa máquina a dar bordoadas nas paredes consoante as pancadas que levava.
PS - Por favor, alguém escreva um final mais feliz para isto. Obrigado.
Mensagem mais recente Mensagem antiga Página inicial
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário