Contrariamente ao que seria de prever, foi completamente imprevisível. Os caminhos divergentes convergiram na circunstância menos natural e mais inesperada possível. Encontraram-se, apenas para se afastarem. Seguiram separados sem se perder de vista, continuaram juntos em direcções diferentes.
Não foi fácil, não era suposto ser. Um sabia para onde ir, apesar de não ter bem a certeza como, a outra ainda não se tinha reencontrado, porque o sofrimento tem o condão de avariar todas as bússolas.
Um dia os olhares beijaram-se, pouco tempo depois os corações abraçaram-se e foi poucos momentos antes da entrega esfomeada dos seus corpos que o som da inevitabilidade se fez sentir.
Hoje é fácil olhar para trás. É incrivelmente simples entender cada um dos nossos erros como uma peça de um puzzle que montámos sem a imagem original para nos orientar. Hoje, e ainda bem para nós, podemos facilmente reproduzir palavras ditas como se fossem citações de filmes, porque o nosso filme acabou por ser um sucesso contrariamente às expectativas iniciais.
Trilhámos um caminho por cartografar, desenhámos vontades em batidas do coração, esculpi o teu rosto em nuvens e pintaste a minha dedicação em todas as pedras da calçada que pisámos quando caminhámos em direcção ao infinito.
Juntos fomos muito melhor do que separados. Aprendemos a conhecer, respeitar e viver os limites de cada um. Sofremos por não ser capazes de amar tanto como a nossa vontade.
Guiei-te quando não sabias o rumo, seguraste-me sempre que passei cheques de vontade que a minha capacidade não foi capaz de pagar. Travámos batalhas e vencemos guerras, desafiámos o impossível e destruímos todas as probabilidades adversas que nos foram impostas.
Insistimos quando era razoável desistir, amámos quando era provável odiar, vivemos quando era possível fenecer, lutámos quando era necessário render. Fomos e somos mais do que dois, o que criámos e construímos nunca poderia ser obra de simples mortais.
Tudo o que o mundo tinha para nos jogar à cara, jogou, tudo o que podia correr mal, correu, mas nada disso foi suficiente. Sempre soubeste que comigo estavas segura, que comigo serias protegida, que ao meu lado não existiria sombra de ausência, de traição ou de abandono. Eu, pelo meu lado sempre tive a certeza que um sorriso teu seria a minha redenção, que uma palavra seria um bálsamo, que aninhado ao teu corpo voltaria a ser invencível, fosse o que fosse que a vida me jogasse às trombas.
Foi por tudo isto que vencemos onde muitos falharam, foi por causa disto que nos tornámos símbolos, estátuas, monumentos de coisas com que todos sonham e poucos têm a coragem de verdadeiramente perseguir.
PS – Este texto será escrito daqui a 20 anos como comemoração de algo que acontecerá daqui a uns meses. Estou em pulgas para ver a tua reacção.
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