Já se falava em surdina por muitos. Já se esperava por tantos outros, os que não temem a esperança. Já se adivinhava pela onda de simpatia e empatia que o cerca. António José Seguro afirmou publicamente o que uma grande quantidade de Socialistas ambicionava, quando o momento chegar, assumirá as suas responsabilidades e será candidato a Secretário-geral do partido.
No dia em que foi assinado o acordo entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho com vista à redução do défice e à consolidação das contas públicas, Portugal toma conhecimento da disponibilidade de António José Seguro para um dia liderar um dos partidos estruturantes da nossa Democracia, e, fruto disso, para liderar o nosso país. Na manhã em que somos atropelados pela violência das nossas dificuldades presentes, tomamos conhecimento que, o futuro pode já estar em construção.
António José Seguro tem uma dimensão política rara nos dias que correm. Recusa o discurso tecnocrático tão em moda naqueles que se apresentam como donos de soluções que nem sequer gostam de ver questionadas ou discutidas. António José Seguro rompe com o pensamento único do “tem que ser” e regressa à Política, aquela com P maiúsculo de que tanto gosta de falar. Há de facto uma forma diferente de fazer política, há uma forma de entender e debater os assuntos com a abertura de quem quer gerar soluções sem fazer imperar a sua agenda. Há, tem que haver, uma forma de alargar a governação ao entendimento e compreensão dos que são governados, ao invés de se limitar esse nobre acto a uma constante cruzada contra os que põem em causa as opções tomadas.
António José Seguro tem um currículo ímpar na defesa dos direitos dos cidadãos, tem uma agenda muito própria na luta pela despartidarização da sociedade, agenda essa fruto da sua experiência associativa e de uma crença profunda que a Democracia não sobrevive sem os partidos políticos, tal como não é completa só com eles. A reforma da Assembleia da República elaborada no mandato anterior é apenas um dos exemplos desta forma de entender que quem exerce o poder pode, tem e deve ser escrutinado pelos outros. A vontade de permitir que sejam os cidadãos a propor o Provedor de Justiça é outra assinatura reconhecível desta forma de entender uma sociedade democrática tais como são as suas inúmeras e conhecidas intervenções no sentido de haver uma cada vez maior liberdade de voto dos deputados.
Em António José Seguro o discurso populista contra o sistema e contra os políticos não tem eco. António José Seguro é um político, é-o com honra, com paixão e com ambição. Com a honra de quem tem um percurso impoluto no serviço à res publica sempre que foi chamado a exercer funções executivas ou parlamentares, com a honra de quem discordando soube fazê-lo na altura certa e nos canais próprios, ao invés de entrar no espalhafato da berraria na praça pública. Com a paixão de quem não se verga ao discurso da inevitabilidade, com a paixão de quem luta pelo que acredita e de quem acredita que pode fazer a diferença. Com a ambição de quem sente que é possível mudar para melhorar, de quem sabe que por muito popular que seja atacar o "sistema" é muito mais profícuo intervir de forma a melhorá-lo, com a ambição de quem quer um novo rumo para a nossa política, para a nossa sociedade, para o nosso país.
António José Seguro dá-se ao luxo de acreditar no que diz, e de saber porquê. Quando fala da necessidade de libertar os deputados do jugo dos directórios partidários, fá-lo porque entende que nenhuma Democracia representativa pode ser plena enquanto a Assembleia da República for povoada por "funcionários dos partidos". Quando repete até ao expoente da exaustão que os eleitores têm que conhecer o trabalho efectuado pelos parlamentares, fá-lo porque sabe que nenhum sistema político sobrevive a longo prazo ao divórcio entre eleitores e eleitos. Quando apela a novas formas de participação cívica fá-lo a pensar que todos têm o direito de intervir na sociedade, TODOS, e não só os que procuram os habituais canais políticos para o fazer.
Com António José Seguro haverá decisão e diálogo, cada qual com o seu peso e medida. Haverá procura de novas soluções para problemas antigos e investimento na melhoria da saúde da nossa Democracia. Não é de se esperar uma promessa irresponsável numa solução quase mágica das nossas dificuldades, mas, tenho a certeza, será reforçada a comunicação entre o poder executivo e os portugueses, que são, em última análise, sempre os actores principais da nossa Democracia. Em António José Seguro não há a tentação do culto da personalidade, ele é um homem de equipas e recusa a excessiva personalização do poder com a mesma veemência com que recusa a dimensão messiânica que continuamos a atribuir aos nossos líderes.
Ontem, dia 15 de Maio, senti-me melhor e mais aliviado, não só como Socialista, mas também, e acima de tudo, como Português. Por muitas dificuldades que vivamos, por muitas dúvidas que tenhamos, por muito impossível que possa parecer o caminho, permito-me a olhar o futuro com esperança. Muitos amigos, colegas e camaradas referem-me com frequência as saudades que têm de um passado em que tudo aparentava ser melhor. Com a disponibilidade manifestada por António José Seguro, saudades, eu já só consigo ter do futuro.
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