48 horas. Agora sim isto começa a doer. Ontem à noite fechei-me em casa assim que consegui. Pela primeira vez soube que se passasse por algum local com cigarros comprava e fumava um maço inteiro nuns 15/20 minutos. Fechadinho e com um livro nas mãos a coisa compôs-se um pouco, apesar de precisar de 4 ou 5 repetições para entender o sentido das frases. O maior problema começa a ser exactamente esse, a realidade deixou de ser algo sólido e palpável e passou a ser uma imagem difusa que me passa à frente dos olhos como uma névoa, ou uma baforada de fumo de tabaco.
Esta noite adormeci lá pelas 5h00, se já tenho por hábito adormecer tarde, a falta da droga parece estar a piorar a situação. Acordei quando o despertador me mandou acordar e, surpresa agradável, não sinto a garganta tão miserável como de costume e lavar os dentes deixou de ser uma emergência imediata e passou a poder esperar por umas boas espreguiçadelas, isto porque sinto o hálito bem menos tóxico.
Felizmente ainda só tive acessos de mau feitio e não houve nenhuma verdadeira explosão, apesar de saber que elas vão acontecer, já me foram enviadas pelo correio.
Quando estudava Ecologia lembro-me vagamente de falar num conceito do género de “espécies dominantes” que eram espécies cuja acção influenciava todo o Ecossistema. Pois bem, nós também temos hábitos dominantes, ou vícios dominantes, como quiserem. O tabaco comigo é/era um deles. Olhando e revendo o meu dia-a-dia noto claramente que o acto de puxar de um cigarro era não só estrutural como estruturante. Em cada um dos momentos da minha rotina diária sinto que falta alguma coisa, que algo está incompleto, que o encadeamento deixou de fazer sentido. Estou a tentar adaptar-me mas sinto-me como um errante com uma bússola avariada que só aponta o caminho para uma máquina de maços de tabaco.
Apesar de tudo, tenham calma, não desesperem. Ainda não desisti, e sei que vai piorar, e MUITO !
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