Há uma estranha relação entre o prazer e o vício. Atribuímos naturalmente uma conotação negativa à palavra “vício” quando que no fundo, o seu conceito resulta apenas da nossa incapacidade de travar algo que nos dá prazer.
Eu, pela minha parte, não tenho problemas em assumir que sou um típico viciado. Quando gosto de algo não tenho grande facilidade em afastar-me de livre vontade do que me faz sentir bem. Sou daquelas pessoas que não compreendem por que razão é educado e tem etiqueta deixar um pouco de bebida no fundo de um copo. Se gosto do que estou a beber bebo tudo, enquanto me apetecer. E se quiser sirvo-me mais 2, 3 ou 10 vezes e ai de quem me tentar impedir. Nunca vou entender por que raio a cozinha Francesa tem tão bom nome quando eles se limitam a enfeitar pratos com amostras de comida tão pequenas que fariam um hamster pensar que tinha emigrado para o Biafra. Não me venham com a eterna história de que só devemos comer enquanto temos fome, quero que se danem com essas teorias. Se a comida me está a saber bem, se estou a ter prazer em comer, como até encher o estômago e o esófago ou pensam que consegui este belo corpinho sem esforço ?
Mas não pensem que isto se limita à comida e à bebida, não ! Também sou viciado, por exemplo, em pessoas. Sou viciado nas suas particularidades, no que faz delas diferentes de todas as outras. Sou viciado nos olhares, nos sorrisos, sim, principalmente nos sorrisos, nas conversas, em tudo o que me oferecem sem saber e que me torna dependente delas. Consigo, com maior ou menor dificuldade, dispensar quase todas as coisas que me rodeiam, mas quando se fala de pessoas, perder alguém que é companhia assídua e agradável (aliás, se não fosse agradável não seria assídua) é das piores privações que por que passei.
Em termos de vícios, há também o tabaco. Tenho uma média impressionante de fumar um maço por dia, sendo raras as vezes que a ultrapasso. É óbvio que se pensar bem consigo reduzir a 5 ou 6 cigarros mas esses são absolutamente essenciais à manutenção da minha sanidade. Só quem fuma, ou fumou, é que consegue compreender a sensação da primeira passa de um cigarro a seguir ao café da manhã e por mais que me provem cientificamente, medicamente, espiritualmente ou gramaticalmente que vou morrer mais cedo por fumar, a realidade é que não quero saber. Tenho muitas dúvidas que viva mais se cortar com todos os meus vícios, acredito muito mais que o tempo simplesmente vai é custar mais a passar. Independentemente de toda esta conversa, a verdade é que depois de algumas ameaças que já se arrastavam há duas semanas acabei a receber inspiração de onde não esperava. Descobri uma colega de serviço envolvida numa guerra semelhante e antecipei o início da minha. Declarei hoje (15/9/10) oficialmente guerra ao tabaco. Não vai ser nada fácil, e, exactamente por isso vai ser giro. Vou dando notícias de como as coisas estão a correr. Se conseguir deixar de fumar, garanto que daqui a uns tempos compro um belo de um charuto para comemorar.
Desejem-me boa sorte.
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